9. Conclusões e considerações finais



Biologia sistêmica possui algo bastante similar com o cálculo das variações (Variational Calculus) no que tange a aceitação por parte da academia, muitos consideram controle ótimo como o cálculo das variações renovado, algo que outros rejeitam. De forma similar, alguns podem considerar biologia sistêmica como apenas antigo conhecimento com roupagem nova. Posto de forma direta, o pensamento sistêmico tem sido abordado há tempos, ver, por exemplo, o livro publicado por Capra em 1982[1]. Talvez um exemplo adicional fosse o conceito de ‘sistemas inteligentes’, que podem ser encontrados na antiguidade[2], Russell e Norvig apresentam discussões nesta direção, mas somente agora conseguimos chegar próximo de ter agentes inteligentes, com as devidas modificações na forma de pensar e avanços tecnológicos. Posto desta forma, somente agora conseguimos tornar real a ideia do pensamento sistêmico, do pensamento integrado. Talvez um dos maiores percussores desta iniciativa esteja na física, com novos paradigmas que mostra que estamos todos conectados, ou mesmo estudos da natureza de partículas quânticas.  
            Uma rápida análise da literatura mostra uma comunidade madura o suficiente para aceitar a ‘sinergia natural’ entre ‘biologia sistêmica’ e ‘inteligência computacional’, mas relutante em reconhecer, provavelmente devido ao fato de que inteligência computacional em se é uma área nova, mais antiga, mas ainda em fase de construção.  Cristianini e Shawe-Taylor (2000) apresentam como conclusão de sua obra exemplos do uso de maquinas de suporte vetorial como sistemas para estudar expressão genética. Em projeto escrito pelo autor em colaboração[3], comenta-se da possibilidade de usar redes neurais de disparos (Spiking Neural Networks) como forma de inferir na expressão temporal de genes. Liu et al (2006) estuda o problema de descobrir “partes funcionais”, motifs, em “linhas de DNA” e sequências de proteínas. Nayır e Günay (2009) aplicam redes neurais para localizar promotores em DNA, comparando com técnicas já usadas, e aparentemente os resultados com redes neurais foram positivos. Nag (2010) dedica um capítulo de sua obra somente a aprendizado de máquina na área de análise de microarranjos, tema muito importante em biologia sistêmica.
            O pensamento sistêmico já está incorporado nas ciências aplicadas há tempos, como o uso em ‘Análise de Ciclo do Produto’ (LCA), Life Cycle Assessment, na referida metodologia, produtos são estudos em redes, não de forma “local”. A busca por áreas interdisciplinares tem sido algo comum há décadas, mas somente agora realmente se pode dizer que temos a chance de alcança algo real, duas área com alto grau de subir no trono são inteligência computacional e biologia sistêmica.
Em resumo, biologia sistêmica busca juntar em um único ponto matemáticos, físicos, biólogos, cientistas da computação, médicos e outros de forma unificada, de tal forma que nenhum profissional tendendo a somente uma área possa alcança resultados. Em trabalho Bolouri (2008) comenta de ter sido questionado várias vezes sobre a lista de conhecimentos que um bom profissional da biologia computacional deve ter, segundo esse uma lista em somente um livro é impossível, engenheiros passam anos aprendendo uma forma própria de pensar, resumir em somente um livro parece impossível. Devries e Hasbun (2011) comentam na divisão da física em três áreas de estudo, uma dessas sendo computacional, pode-se dizer que biologia está seguindo o mesmo percurso, como matemática tem seguido. Em trabalhos passados[4], o autor estudou a importância da biologia em engenharia e de campos realmente interdisciplinares no contexto dos desafios do milênio.
Talvez o que possa atrasar ou mesmo ofuscar o brilho da biologia sistêmica seja o fato de que existem duas comunidades predominantes no momento: ‘estudos na escala genética’, ou seja, o que importa são genes, proteínas, e correlacionados; e ‘estudos na escala populacional’, estudos de interação entre especiais ou mesmo epidemias. A primeira tem prevalecido, principalmente devido ao crescente uso de modelos computacionais para tratar o que o projeto genoma deixou, uma quantidade enorme de dados para interpretar, algo que nenhum humano com ‘papel e caneta’ possui a possibilidade de inferir algo útil. Certamente estudos em redes complexas têm sido beneficiados por estudos em biologia sistêmica ou mesmo o contrario.


[1] CAPRA, Fritjof. O Ponto de Mutação: A Ciência, a Sociedade e a Cultura Emergente. 25. ed. São Paulo: Cultrix, 1982. Note que Capra usa o termo Biologia Sistêmica, na verdade os tradutores.
[2] Russell, Stuart; Norvig, Peter. Artificial Intelligence: A modern approach. Second edition. Prentice Hall Series in Artificial Intelligence: 2003.
[3] J G Pires e N Kasabov. Quantum-Inspired Optimisation of Spiking Neural Networks: Methods, Systems, and Applications. 2013. Não-publicado.
[4] Pires (2013).

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